quarta-feira, 31 de maio de 2017

5 ANOS A PROJECTAR


Em 31 de Maio de 2012 realizou-se, na sede da Delegação de Abrantes da Ordem dos Arquitectos - Secção Regional do Sul, a primeira sessão da actividade PROJECTAR com o objectivo de divulgar a vida e obra de arquitectos com importância na história e teoria da arquitectura, nacional e internacional, de várias épocas e movimentos, pela exibição de documentários sobre arquitectura, e assim contribuir para o enriquecimento da cultura arquitectónica na região.

A apresentação da Delegação de Abrantes, recém constituída após a extinção do Núcleo do Médio Tejo, tinha decorrido no dia 15 de Abril de 2012 já sob o signo do cinema, com uma homenagem ao realizador Manoel de Oliveira e a exibição do filme "Oliveira, o Arquitecto", de Paulo Rocha, com a colaboração do Espalhafitas, Secção de Cinema da Associação Cultural Palha de Abrantes.

Nessa primeira sessão, foram exibidos os documentários da série ARCHITECTURES, dedicados ao Edifício Johnson, de Frank Lloyd Wright, à Villa dall'Ava, de Rem Koolhaas, e à Casa Milá, de Antoni Gaudi, realizados por Frédéric Compain e Richard Copans (versões narradas em inglês com legendas em português), da qual aqui se pode ver o resumo:



Cinco anos depois, ao ritmo aproximado de uma sessão por mês, contam-se a realização de 53 sessões com a exibição de 76 documentários, que vão desde um spot turístico de 5 minutos sobre as obras de Le Corbusier em Firminy-Vert a um documentário em duas partes sobre Miguel Ângelo com a duração de quase duas horas, num total acumulado de 3234 minutos.

Fixada na noite da última quinta-feira de cada mês, as cinco primeiras sessões ocorreram na sede da Delegação em Abrantes, mas cedo se entendeu que o melhor meio de atingir o objectivo proposto (e dada a característica ligeira da actividade) seria promover a sua itinerância pelas sedes dos dezanove concelhos da área de intervenção desta Delegação, e assim a sexta sessão já se realizou no Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal.

Também o horário das sessões foi objecto de adaptação a esta mobilidade, das sessões com início às 21h30 durante o primeiro ano passaram a ter início pelas 19h00, para possibilitar o encontro e convívio com os espectadores de cada sessão em jantar que se lhe seguia, conforme tinha sido já experimentado numa sessão em parceria com o Cineclube de Tomar.

Depois de completada a ronda por esses dezanove concelhos, com algumas repetições, ao fim de três anos, foi a vez da Delegação de Abrantes ser extinta e substituída pela Delegação do Centro da Ordem dos Arquitectos - Secção Regional do Sul, com nova área de influência alargada a 44 concelhos dos quais se mantiveram doze da anterior área.

A maior parte das vezes com o apoio dos Municípios que têm disponibilizado espaços para a realização destas sessões, mas também em colaboração com instituições de ensino superior como em Tomar, Caldas da Rainha ou Covilhã, ou culturais como o Museu Nacional Ferroviário ou o Mosteiro da Batalha, a actividade já percorreu 34 concelhos dos 51 que fazem ou fizeram parte da sua área geográfica.

Nestas 53 sessões chegámos a mais de seis centenas de espectadores, com uma média de 11,5 espectadores por sessão, tendo a sessão mais concorrida sido a dedicada ao arquitecto Manuel Taínha e comemorativa do 10.º aniversário de actividade desta estrutura descentralizada da Ordem dos Arquitectos, com mais de meia centena de espectadores, que decorreu no Instituto Politécnico de Tomar, obra deste arquitecto, e que contou com a exibição do filme "In Media Res - No Meio das Coisas" de Luciana Fina, seguido de uma conferência com a realizadora e os arquitectos Bartolomeu Costa Cabral e Alexandre Marques Pereira, co-autores deste projecto e colaboradores do homenageado, e ainda o lançamento de mais um número da publicação PAPELPAREDE.

Procurou-se estabelecer esta ligação entre o tema e o local várias vezes como na Sertã com o arquitecto Cassiano Branco (autor do projecto da Câmara Municipal), nas Caldas da Rainha com o arquitecto Vítor Figueiredo (autor da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha), no Entroncamento com a sessão dedicada a estações de comboios, na Marinha Grande com uma sessão dedicada à reabilitação no reabilitado Edifício da Resinagem, no Museu Nacional Ferroviário com o arquitecto Cottinelli Telmo (autor do armazém de víveres onde está instalada parte do Museu), ou a sessão dedicada ao Românico e ao Gótico no Mosteiro da Batalha.

Foram abordadas as vidas ou obras de 52 arquitectos (81,25% do total / 85,42% do tempo total) e de 8 arquitectas (12,50% / 10,68%) e ainda 4 movimentos ou tradições arquitectonicos (6,25% / 3,90%). Desses 52 arquitectos, 18 foram portugueses, num total 1072 minutos, cerca de um terço do tempo de exibições.

O arquitecto que esteve mais vezes em foco foi Nuno Teotónio Pereira, com quatro documentários em três sessões, num total de 215 minutos de tempo de exibição, seguido por Álvaro Siza em três sessões (125 minutos) e por Fernando Távora e Carrilho da Graça, entre os portugueses, e Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto, Le Corbusier, Rem Koolhaas, Charles Rennie Mackintosh, Zaha Hadid e Peter Zumthor com dois cada.

Para além de Portugal, outros países marcaram a sua presença nestas sessões como a França com 9 arquitectos, o Reino Unido com 5, os EUA e o Japão (4 cada), a Espanha e a Itália (3 cada), Alemanha e Brasil (2 cada), e ainda da Áustria, Dinamarca, Finlândia, Holanda, Irlanda, Israel, e Suiça com um arquitecto de cada, embora estes números não traduzam a naturalidade de todos dada a naturalização de alguns dos arquitectos ao longo das suas vidas.

A grande maioria dos documentários foi dedicada a arquitectos da viragem do século XIX para o XX e até ao princípio do século XXI, tendo as excepções sido os documentários dedicados ao Românico, ao Gótico, a Miguel Ângelo, a uma casa tradicional japonesa, à Gare Saint-Pancras em Londres e à Ópera Garnier em Paris, tendo todos os documentários sido exibidos em português ou legendados em português.

Um resumo compacto de todas as sessões, da primeira à quinquagésima terceira pode ser visto de seguida:

quinta-feira, 25 de maio de 2017

PROJECTAR COM VICTOR PALLA


Victor Palla estará em foco na actividade PROJECTAR, na sessão (dupla) comemorativa do 5.º aniversário desta actividade, tomando como pretexto a exposição Victor Palla e Bento d'Almeida - Arquitetura de outro tempo, patente ao público na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém até ao dia 18 de Junho, e que terá lugar no auditório da Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes no dia 31 de Maio, pelas 19h00.

VICTOR PALLA (1922-2006)

Victor Manuel Palla e Carmo nasceu em Lisboa em 13 de Março de 1922. Era filho de Vítor Manuel do Carmo, um caracterizador de Teatro e fotógrafo amador, e de sua mulher Virgínia Ramos Palla.

Na capital, começou a estudar Arquitectura (1939), curso que veio a terminar no Porto, em 1948. Durante a sua estada na cidade Invicta dirigiu a "Galeria Portugália" (1944) e integrou as Exposições dos Independentes (1943-1950) com Fernando Lanhas e Júlio Pomar, entre outros.

De regresso à capital, associou-se às Exposições Gerais de Artes Plásticas, entre 1947 e 1955, e à renovação da Arquitectura nacional, ao aderir ao Estilo Internacional, em concreto à arquitectura brasileira.

Publicou artigos teóricos e de divulgação em revistas como a "Arquitectura", que começou a dirigir em 1952, e riscou obras arquitectónicas inovadoras em parceria com Joaquim Bento d' Almeida, arquitecto com quem partilhou um atelier durante 25 anos.

Deste gabinete conjunto saíram modernos espaços comerciais, cafés, em particular, mas também os primeiros snack-bares de Portugal (Terminus, Pic-Nic, "Noite e Dia" e Galeto, em Lisboa, e o "Cunha", no Porto).

Palla riscou muitos outros projectos de grande dinamismo espacial e material, receptivos às inovações nas áreas do mobiliário e da iluminação, e adaptados à vida moderna. Entre eles contam-se fábricas, a Escola do Vale Escuro (1953) e a Escola n.º 175 de Lisboa, nos Olivais Norte, e a aldeia das Açoteias, em Albufeira, traçada a título individual nos anos 60.

Este talentoso e multifacetado profissional também se dedicou a outras áreas artísticos e culturais, como a Pintura (desde os anos 40 que participou em exposições, se ligou a galerias do Porto e de Lisboa e promoveu as Exposições Gerais de Artes Plásticas, organizadas entre 1946 e 1956), a Cerâmica, o Design Gráfico (concebeu graficamente várias publicações e centenas de capas de livros, sobretudo para as editoras Arcádia e Atlântida) e a Tradução. Com o mesmo entusiasmo desenvolveu, também, as actividades de galerista, de animador, de editor (organizou antologias de contos, associou-se à "Vampiro Magazine" entre 1950-1952 e fez parte da equipa que produziu "O Gato Preto – Antologia de Mistério e Fantasia", em 1952), de escritor (obteve um prémio nos concursos anuais de contos do "Ellery Queen's Mystery magazine") e, em especial, de fotógrafo.

Com Costa Martins (1922-1996) publicou "Lisboa, Cidade Triste e Alegre", em 1959, uma obra moderna pelo seu sentido humanista, próximo do neo-realismo, pelo grafismo e pela impressão e que reuniu trabalhos fotográficos dos dois artistas, apresentados na Galeria do Diário de Notícias, em Lisboa, e na Galeria Divulgação, no Porto.

Este projecto fotográfico foi relançado em 1982 pela Galeria Ether que, nesse ano, reeditou o livro, promoveu a exposição "Lisboa e Tejo e Tudo (1956/1959)" e editou o respectivo catálogo.

Este título alcançou, por fim, o merecido reconhecimento nacional e internacional. Foi referido por Philippe Arbaizar (2002) na revista do Centro Georges Pompidou e por Martin Parr e Gerry Badger no "The Photobook: A History" (2004). Em 2001 foi eleito um dos 100 melhores livros do século XX.

Em 1992, o Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, dedicou ao artista uma exposição fotográfica retrospetiva e, em 1999, o Centro Português de Fotografia, sedeado no Porto, concedeu-lhe o Prémio Nacional de Fotografia.

Victor Palla morreu em Lisboa a 28 de Abril de 2006, aos 84 anos de idade, vítima de uma pneumonia. A sua obra continua a suscitar o interesse de amantes da Arte em várias partes do mundo e de inúmeros investigadores, designadamente do seu neto João Palla.


Snack-Bar Galeto (Lisboa, 1966)

Informações sobre os documentários aqui.
Mapa de localização do local onde decorrerá a sessão aqui.

Apoio:
Município de Abrantes

PROGRAMA:

31 de Maio, 19h00
Auditório da Biblioteca Municipal António Botto, Abrantes
A Casa Tugendhat
MIES VAN DER ROHE

(2002, Christina Brecht-Benze, 15')
VICTOR PALLA
(1994, Edgar Feldman, 25')

quarta-feira, 24 de maio de 2017

PROJECTAR COM MIES VAN DER ROHE


Mies van der Rohe regressa uma vez mais à tela da actividade PROJECTAR, com outra obra prima do período europeu da sua obra, na sessão (dupla) comemorativa do 5.º aniversário desta actividade, tomando como pretexto a exposição "Villa Tugendhat" de Mies van der Rohe, patente ao público na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto até ao dia 31 de Maio, e que terá lugar no auditório da Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes no dia 31 de Maio, pelas 19h00.

MIES VAN DER ROHE (1886-1969)

Maria Ludwig Mahuta Michael William Mies nasceu a 27 de Março de 1886 em Aachen, no reino da Prússia, do Império Alemão, onde frequentou a Cathedral School entre 1897 e 1900. Fez a sua aprendizagem na empresa de cantaria do pai e em alguns gabinetes locais de design antes de se mudar para Berlim, em 1905, onde foi trabalhar para o designer de interiores Bruno Paul.

Começou a sua carreira em arquitectura como aprendiz no estúdio de Peter Behrens de 1908 a 1912, onde lhe foram dadas a conhecer as mais recentes teorias do design e da cultura progressista alemã, em conjunto com, entre outros, Le Corbusier ou Walter Gropius. Mies trabalhou como director de obra na Embaixada do Império Alemão em São Petersburgo, sob a orientação de Behrens.

Em 1913, casou com Adele Auguste (Ada) Bruhn (1885-1951), filha de um abastado industrial, com quem teve três filhas, antes de se separarem em 1918.

O seu talento foi rapidamente reconhecido e depressa começou a receber encomendas individuais, mesmo não tendo educação formal académica. Com uma presença imponente, ponderado e reticente, Ludwig Mies decidiu reformular o seu próprio nome de modo a adequar-se à rápida mudança de estatuto, de filho de um comerciante para arquitecto reconhecido pela elite cultural berlinense, acrescentando a partícula "van der", de ressonância aristocrática, e o apelido da sua mãe "Rohe".

Estabeleceu-se como profissional independente em Berlim, em 1912, a fazer casas para clientes das classes altas com projectos influenciados pelo mestre do neoclassicismo do início do século XIX, Karl Friedrich Schinkel, em estilos medievais da tradição alemã, suspendendo em 1914, com a mobilização para o serviço militar.

Após a Primeira Guerra Mundial retomou a actividade em Berlim. Aderiu ao Novembergruppe onde serviu como director de exposições de arquitectura até 1925. Foi membro fundador do Zehner Ring em 1924 e do Der Ring em 1926, colectivos cujo objectivo era promover a arquitectura modernista.

Em 1921, em resposta a um concurso para a concepção de um arranha-céus para a Friedrichstrasse em Berlim, Mies propõe uma torre de vidro composta por três torres prismáticas unidas por um núcleo central, projecto que não foi selecionado, a que se seguiu uma proposta sem cliente para um outro arranha-céus de vidro mais alto, em 1922, projectos que revelam a procura de novas formas e soluções em harmonia com o espírito da uma nova sociedade moderna.

Seguem-se outros projectos precursores que revelam influências do grupo holandês De Stijl ou de Frank Lloyd Wright, como a Casa de Campo em Tijolo (1924) ou o Monumento em tijolo a Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg, em Berlim (1926). Em 1925 iniciou com Lilly Reich, designer modernista, uma forte relação quer pessoal quer profissional, que durou até 1938.

De 1926 a 1932, Mies van der Rohe foi vice-presidente da Deutscher Werkbund, dirigindo e concebendo, em 1927, a exposição Die Weissenhofsiedlung, em Estugarda, na qual dezasseis arquitectos, entre os quais Le Corbusier, Peter Behrens, Richard Docker, Hans Pelzig, Hans Scharoun e Walter Gropius, foram chamados a projectar e construir 320 casas brancas de desenho e materiais modernos.

Ao sucesso desta exposição seguiu-se a nomeação de Mies, pela República de Weimar no verão de 1928, para conceber a presença da Alemanha na Exposição Internacional de Barcelona, Espanha, resultando numa das suas obras primas na Europa, o "Pavilhão de Barcelona" (1929). Em complemento ao projecto do pavilhão, desenhou também as conhecidas cadeiras, largamente produzidas e reproduzidas desde então.

Na mesma altura projecta a Villa Tugendhat (1928-30), em Brno, na então Checoslováquia, para o casal de empresários alemães judeus Fritz e Greta Tugendhat, a outra das suas obras primas do seu período europeu, para a qual também concebeu grande parte do mobiliário, em colaboração com Lilly Reich.

Após a grande depressão de 1929, as encomendas diminuíram, e Mies aceitou o convite para dirigir a escola Bauhaus de Dessau por sugestão de Walter Gropius, para suceder a Hannes Meyer, procurando despolitizar a escola e redireccioná-la para o ensino em detrimento da produção. Em 1932 convidou Lilly Reich para leccionar design de interiores e design de mobiliário, ano em que os Nazis encerraram a escola de Dessau, tendo Mies reaberto-a em Berlim, para ser de novo encerrada, definitivamente, em 1933.

Com pouco trabalho neste período, fez uma viagem aos Estados Unidos da América em 1937 com vista à realização de um projecto para o Wyoming, e em 1938 emigrou definitivamente em resposta ao convite para dirigir a Escola de Arquitectura do Armour Institute of Technology, depois convertido no Illinois Institute of Technology (IIT), em Chicago, onde vai desenvolver o seu próprio método educacional, cargo que ocupará até 1958. Em 1944 naturalizou-se americano.

Aqui tem também a oportunidade de projectar o novo Campus da Universidade (1939-1941), incluindo os edifícios Alumni Memorial Hall (1946), a Carr Memorial Chapel (1952), e a obra prima S.R. Crown Hall (1950-1956), construída para alojar a Escola de Arquitectura, de um total de vinte edifícios, a maior concentração de obras suas no mundo.

Instalado em Chicago, recomeça a sua carreira. Um dos primeiros projectos é para uma casa de fim-de-semana e de férias, encomendada pela Dr. Edith Farnsworth, em Fox River, Plano, Illinois (1946-1951). A obra arrancou em 1949, mas antes da sua conclusão, Edith Farnsworth e Mies van der Rohe entraram em litígio por não pagamento do seu trabalho contra o aumento dos custos da construção, que acabou por ser decicido a favor de Mies, mas à custa de uma má publicidade que terá contribuído para que Mies se concentrasse em edifícios de grandes dimensões, em detrimento de casas particulares.

Entre os edifícios de apartamentos em altura que então projecta, destaca-se o conjunto de 26 pisos para os n.ºs 860–880 na Lake Shore Drive (1949-1951), para o construtor Herbert Greenwald, caracterizados pelas fachadas em vidro e pelos perfis em I de aço justapostos na vertical sobre a estrutura exterior e o piso de entrada recuado atrás da estrutura, seguido pelo conjuto de torres para os n.ºs 900-910 da mesma avenida, os Esplanade Apartments Buildings (1956), estes já com uma fachada-cortina em alumínio e vidro.

Em 1951–1952, Mies projectou a Casa McCormick, em aço, vidro e tijolo, em Elmhurst, Illinois, para o construtor Robert Hall McCormick, Jr.. Uma adaptação de um único piso da parede em cortina de vidro exterior das torres da 860–880 Lake Shore Drive, que serviu de protótipo para uma série de casas a construir em Melrose Park, Illinois, mas que não chegaram a ser realizadas.

Em 1958 construiu em Nova Iorque o edifício para a sede da empresa canadiana Joseph E. Seagram's & Sons, graças ao empenho de Phyllis Lambert, filha do director, na sua escolha para autor do projecto. O Edifício Seagram (1954-1958) destaca-se por ser recuado em relação aos limites da parcela, criando uma praça com pavimento em granito que dá acesso à torre de vidro em tons de bronze com os perfis verticais exteriores. Philip Johnson colaborou neste projecto na definição dos interiores e com o projecto para o restaurante The Four Seasons.

O último trabalho de relevo de Mies foi a Neue Nationalgalerie em Berlim (1962-1968), que é considerado uma das mais perfeitas expressões da sua abordagem arquitectónica, e que constitui uma síntese de outros projectos que realizara antes, um pavilhão pousado assimetricamente sobre um embasamento clássico. Mies projectou apenas mais um museu, o Plano Geral para o Museum of Fine Arts, em Houston, ampliações do Caroline Wiess Law Building compostas pela Cullinan Hall (1954) e pela Ala Brown (1966-1969, concluída em 1974).

Mies van der Rohe recebeu a Medalha de Ouro do Royal Institute of British Architects em 1959, a Medalha de Ouro da AIA em 1960, e a Medalha J. Lloyd Kimbrough em 1961. Mies van der Rohe foi o primeiro arquitecto a receber a American Presidential Medal of Freedom, em 1963. Mies van der Rohe recebeu também prémios da cidade de Munique e do estado alemão de Renânia do Norte-Vestfália, e do Bund Deutscher Architekten em 1966.

Após doença prolongada, Mies van der Rohe faleceu em Chicago a 17 de Agosto de 1969, com 83 anos de idade, um mês apenas após a morte de Walter Gropius.


Edifício Seagram, (Nova Iorque, 1958)

Informações sobre os documentários aqui.
Mapa de localização do local onde decorrerá a sessão aqui.

Apoio:
Município de Abrantes

PROGRAMA:

31 de Maio, 19h00
Auditório da Biblioteca Municipal António Botto, Abrantes
A Casa Tugendhat
MIES VAN DER ROHE

(2002, Christina Brecht-Benze, 15')
VICTOR PALLA
(1994, Edgar Feldman, 25')

quarta-feira, 17 de maio de 2017

PROJECTAR #54



5 ANOS A PROJECTAR vão ser motivo de comemoração na 54.ª sessão da actividade no dia 31 de Maio, no auditório da Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, a partir das 19h00.
Voltamos à cidade onde começou a itinerância, mas saímos da sede da Delegação e convidamos todos a juntarem-se-nos na Biblioteca Municipal, numa procura de novos públicos que tem sido sempre uma das intenções desta actividade.
E invertendo outros dos seus objectivos, levar um pouco de cultura arquitectónica aos concelhos da região, desta vez trazemos uma amostra do que, em termos de divulgação da arquitectura, se está a fazer nos grandes centros, nomeadamente as exposições que estão patentes ao público na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, até 31 de Maio e 18 de Junho, respectivamente.



O primeiro documentário, a propósito da exposição 'Villa Tugendhat' de Mies van der Rohe, intitulado Das Haus Tugendhat, Leben im Kunstwerk (A Casa Tugendhat, Viver numa Obra de Arte), da série Schätze der Welt, Erbe der Menshheit (Tesouros do Mundo, Património da Humanidade) foi realizado por Christina Brecht-Benze em 2002:

É considerada uma obra-prima da arquitectura moderna clássica e o edifício mais importante de Ludwig Mies van der Rohe em solo europeu: a casa Tugendhat em Brno, República Checa.
Quando foi construída no final dos anos 20, a capital da Morávia já era um centro de vanguarda arquitectónica.
Graças ao empenho de arquitectos como Bohuslav Fuchs ou Arnost Wiesner, surgiram em Brno inúmeros ​​bairros sociais e casas para as massas. Com a Casa Tugendhat é acrescentado um edifício funcionalista para a classe alta.
Como o dinheiro não era problema para os empresários judaicos Grete e Fritz Tugendhat, Mies van der Rohe dispôs de recursos ilimitados e pôde desenvolver os seus princípios estéticos até à perfeição. Estes incluem a planta livre, permitem a estrutura de pilares de aço, paredes de vidro que desaparecem no chão e divisórias feitas de materiais luxuosos, como ébano e ónix. "A simplicidade de construção, a clareza dos recursos construtivos e a pureza dos materiais", princípios coerentemente aplicados por Mies van der Rohe na casa Tugendhat, fazem desta Villa uma obra chave da época moderna. Até hoje, por isso foi declarada Património Mundial pela UNESCO, sendo considerada uma das casas arquitectonicamente mais influentes do mundo.
Até 1938, a família industrial judia Tugendhat viveu na obra de arte, até ser forçada a exilar-se perante a ameaça da invasão da Checoslováquia por Hitler. A casa foi confiscada pelos nazis, e em 1945 pelo Exército Vermelho. Na Checoslováquia comunista albergou uma instituição para fisioterapia e na década de 60, finalmente, tornou-se um monumento nacional. Foi uma proeza admirável, a reabilitação de uma casa de campo capitalista de um arquitecto alemão na Checoslováquia comunista, nos anos 80, apesar de os rebocos estarem novamente a desfazerem-se. Se não forem encontrados patrocinadores para uma nova reparação, corre-se o risco de um marco da arquitectura mundial da casa do século XX gradualmente se degradar.



O segundo documentário, do qual excertos fazem parte da exposição Victor Palla e Bento d'Almeida - Arquitetura de outro tempo, faz parte da série Magazine de Artes Visuais, da autoria de Isabel Colaço e Manuel Graça Dias, e foi realizado por Edgar Feldman em 1994:

Programa sobre a obra de Victor Palla, arquitecto português que se notabilizou ainda nos campos da fotografia, design, artes plásticas e edição literária. Apresentação do arquitecto Manuel Graça Dias. Inclui depoimentos de amigos de Victor Palla, intercalados com uma entrevista com o próprio.




Com estas sessões propõe-se esta Delegação da Ordem dos Arquitectos exibir documentários de Arquitectura, como forma de divulgar a vida e obra de arquitectos com importância na história e teoria da arquitectura, nacional e internacional, de várias épocas e movimentos, e assim contribuir para o enriquecimento da cultura arquitectónica na nossa região.

Estas sessões destinam-se, para além dos arquitectos da região, a outros técnicos e a todas as pessoas com curiosidade e interesse nestes temas, sendo de acesso livre mas limitadas à lotação do auditório da Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, que está disponível para o efeito.

Apoio:
Município de Abrantes

PROGRAMA:

31 de Maio, 19h00
Auditório da Biblioteca Municipal António Botto, Abrantes
A Casa Tugendhat
MIES VAN DER ROHE

(2002, Christina Brecht-Benze, 15')
VICTOR PALLA
(1994, Edgar Feldman, 25')

quarta-feira, 10 de maio de 2017

PROJECTAR EM ABRANTES



31 de Maio, no dia em que comemoramos o 5.º aniversário do início da actividade PROJECTAR, voltamos a Abrantes, para a realização daquela que será a 54.ª sessão.
Desta vez à quarta-feira, no auditório da Biblioteca Municipal António Botto, com início pelas 19h00 para a projecção de documentários de arquitectura sobre a casa Tugendhat, de Mies van der Rohe, e sobre o arquitecto Victor Palla, a propósito das respectivas exposições que estão patentes ao público na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.



Mais informações em breve.